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Obra Incorporada

Movimento artístico promovido pelo ARQ.COM

A CRUZ E A ENCRUZILHADA

 

A cruz, e mais remotamente a encruzilhada, é um símbolo poderoso e antigo, presente em muitas culturas, do oriente e do ocidente, do norte e do sul. Aliás, os pontos cardeias desenham eles próprios uma cruz. A orientação do mundo é definida por uma cruz. A intercepção de vários percursos sempre foi vista como um lugar privilegiado do poder dos deuses, lugar de ambivalência, sínteses de forças convergentes e opostas. A encruzilhada reúne os destinos possíveis e imensos e obriga a uma escolha. Nela acontecem o encontro e a separação, a chegada e a partida, o acordo e a divisão.

O cristianismo adoptou a cruz como o seu símbolo essencial porque foi numa cruz que Jesus Cristo morreu. A crucifixão foi praticada desde o século VII a.C. e durante cerca de mil anos foi utilizada como forma de executar os condenados à morte, sobretudo os escravos, os estrangeiros e os inimigos do Estado e da religião. Depois de despidos e açoitados, os condenados eram amarrados pelos pulsos a uma haste horizontal que seguidamente era elevada para formar uma cruz com uma estaca vertical. Os crucificados ficavam suspensos durante horas ou mesmo dias, nunca mais de dois, em sofrimento atroz, acabando por morrer de asfixia, desidratação e perda de sangue.

Este instrumento de condenação foi transformado pelo Cristianismo em símbolo de redenção. A cruz dá passagem à vida, pois, segundo a fé cristã, Jesus ressuscitou três dias depois de sua morte. A tradição cristã depressa relacionou o madeiro da condenação com a árvore da vida. Há mesmo uma pintura de Giovanni da Modena em que Jesus Cristo é representado suspenso numa árvore, possivelmente uma macieira, e rodeado dos símbolos bíblicos do Paraíso (Adão, Eva e a serpente) e de Maria, sua mãe, dos apóstolos e dos santos, que representam a Igreja.

Em várias regiões de Portugal, no dia de Páscoa, a cruz é perfumada e enfeitada com flores e levada a casa dos crentes para ser por eles beijada e venerada. Este ritual, designado habitualmente por ‘Compasso’, é portador dum grande simbolismo e duma grande densidade poética, pois à cruz do sofrimento e da morte junta as flores e os perfumes da primavera e da renovação.

 

Nuno Higino

Proposta Final da Intervenção dos Artistas 

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