
Obra Incorporada
Evento artístico promovido pela ARQ.COM
Em 2012, Fernando Reis desenhou a Cruz II. Em 2012 convidou 18 artistas, em momentos diferentes, para incorporarem o seu trabalho na Cruz II.
A exposição é itinerante e, por isso, foi concebida pelo arquitecto Fernando Reis de modo a poder ser rapidamente montada e desmontada por uma única pessoa e transportada numa viatura de pequenas dimensões. A adaptação a cada um dos espaços expositivos ficou a cargo do arquitecto.

A CRUZ E A ENCRUZILHADA
A cruz, e mais remotamente a encruzilhada, é um símbolo poderoso e antigo, presente em muitas culturas, do oriente e do ocidente, do norte e do sul. Aliás, os pontos cardeias desenham eles próprios uma cruz. A orientação do mundo é definida por uma cruz. A intercepção de vários percursos sempre foi vista como um lugar privilegiado do poder dos deuses, lugar de ambivalência, sínteses de forças convergentes e opostas. A encruzilhada reúne os destinos possíveis e imensos e obriga a uma escolha. Nela acontecem o encontro e a separação, a chegada e a partida, o acordo e a divisão.
O cristianismo adoptou a cruz como o seu símbolo essencial porque foi numa cruz que Jesus Cristo morreu. A crucifixão foi praticada desde o século VII a.C. e durante cerca de mil anos foi utilizada como forma de executar os condenados à morte, sobretudo os escravos, os estrangeiros e os inimigos do Estado e da religião. Depois de despidos e açoitados, os condenados eram amarrados pelos pulsos a uma haste horizontal que seguidamente era elevada para formar uma cruz com uma estaca vertical. Os crucificados ficavam suspensos durante horas ou mesmo dias, nunca mais de dois, em sofrimento atroz, acabando por morrer de asfixia, desidratação e perda de sangue.
Este instrumento de condenação foi transformado pelo Cristianismo em símbolo de redenção. A cruz dá passagem à vida, pois, segundo a fé cristã, Jesus ressuscitou três dias depois de sua morte. A tradição cristã depressa relacionou o madeiro da condenação com a árvore da vida. Há mesmo uma pintura de Giovanni da Modena em que Jesus Cristo é representado suspenso numa árvore, possivelmente uma macieira, e rodeado dos símbolos bíblicos do Paraíso (Adão, Eva e a serpente) e de Maria, sua mãe, dos apóstolos e dos santos, que representam a Igreja.
Em várias regiões de Portugal, no dia de Páscoa, a cruz é perfumada e enfeitada com flores e levada a casa dos crentes para ser por eles beijada e venerada. Este ritual, designado habitualmente por ‘Compasso’, é portador dum grande simbolismo e duma grande densidade poética, pois à cruz do sofrimento e da morte junta as flores e os perfumes da primavera e da renovação.
Nuno Higino
Proposta da Incorporação dos Artistas Convidados


Agostinho Santos
"CRUZ", 2012
Pintura
Acrílico e madeira de sicómoro
25x35x11cm

António Cunha
"FOGO", 2012
Técnica Mista
Acrílico, lamparina, cartolina e madeira de sicómoro
25x35x12,5cm


Ana Maria
"ALGUÉM ABANDONA TUDO", 2012
Pintura
Acrílico e madeira de sicómoro
25x35x11cm

Cristina Troufa
"ESPINHOS SECOS", 2016
Pintura
Acrílico e madeira de sicómoro
25x35x11cm


Damião Matos
"FRAGMENTOS INCORPORADOS", 2012
Técnica Mista
Óleo sobre tela de linho e madeira de sicómoro
25x35x11cm


Emerênciano
SEM TÍTULO, 2012
Pintura
Acrílico e madeira de sicómoro
25x35x11cm

Evelina Oliveira
"A PRESENÇA DA AUSÊNCIA", 2012
Técnica mista
Acrílico, cerâmica, gesso, elemento orgânico e madeira de sicómoro
25x35x11cm


Fernando Reis
"CRUZ II", 2012
Madeira de sicómoro
25x35x11cm

Henrique do Vale
"VELHA GUARDA", 2012
Técnica mista
Acrílico, arame e madeira de sicómoro
25x35x13,5cm


Humberto Nelson
"CRISTO", 2012
Técnica mista
sobre madeira de sicómoro
27x35,5x32,5cm

José Emídio
"CRUZ", 2012
Pintura
Acrílico e madeira de sicómoro
25x35x11cm

José Rosinhas
"AC | DC", 2016
Técnica mista
Tinta de spray, fio e madeira de sicómoro
25x35x11cm

José Rodrigues
"CRISTO", 2012
Escultura
Bronze e madeira de sicómoro
45x63,5x20cm


Jean Pierre Porcher
"CRUZ, PEIXES E RÃ", 2012
Técnica mista
Acrílico, cobre, tinta acrílica e madeira de sicómoro
27x35,5x32x5cm


Manuela Bacelar
SEM TÍTULO, 2012
Pintura
Tinta-da-china, acrílico e madeira de sicómoro
25x35x11cm

Paulo Hernani
"CRISTO NA CRUZ", 2012
Escultura
Gesso e madeira de sicómoro
25x35x11cm

Paulo Neves
"CRUZ", 2012
Gravura
Madeira de sicómoro
25x35x11cm

Rui Vitorino Santos
"Limbo", 2012
Pintura
Acrílico, tinta-da-china e madeira de sicómoro
25x35x11cm
Datas e locais da itinerância

9/2 a 1/3/2013 - Braga
Mosteiro de S. Martinho de Tibães




2/3 a 4/4/2013 - Bragança
Museu Abade de Baçal




7/4 a 2/5/2013 - Lamego
Museu de Lamego




4/5 a 30/5/2013 - Guimarães
Museu Alberto S. Paio



1/6 a 4/7/2013 - Miranda do Douro
Museu da Terra de Miranda




6/7 a 31/7/2013 - Braga
Museu D. Diogo de Sousa



1/8 a 8/8/2013 - Porto
Capela de S.Vicente, Sé do Porto




9/8 a 31/8/2013 - Vila Real
Teatro de Vila Real




5/10 a 3/12/2013 - Alfandega da Fé
Casa da Cultura do Mestre José Rodrigues




19/4 a 3/5/2014 - Porto
Fundação Escultor José Rodrigues




1/4 a 31/4/2015 - Paredes de Coura
Casa da Cultura de Paredes de Coura




5/3 a 31/5/2016 - Ovar
Museu de Arte Sacra




29/3 a 16/4/2023 - Viana do Castelo
ICVC e Paços do Concelho
Linha Gráfica




Humberto Nelson




Marlene Couceiro